Como o corona vírus podem afetar o financiamento de startups?

A OCDE, entidade que reúne os países mais ricos do mundo, declarou à BBC que o choque econômico causado pelo novo coronavírus já é maior do que as crises acontecidas em 2008 e 2001, depois dos ataques de 11 de setembro nos EUA. 

Angel Gurría, secretário-geral da organização, cogita um crescimento não maior que 1,5% na economia mundial. A projeção mais recente do PIB brasileiro, que representa a soma de todos os bens e serviços do país, é de crescimento de 0,02%. Diante disso, qual será o cenário de investimentos encontrados pelas startups nos próximos meses?

Estudo sobre perspectivas para startups

A CBInsights, plataforma de inteligência e base de dados, lançou um estudo sobre como o novo coronavírus e a doença causada por ele, a Covid-19, podem impactar o financiamento de startups ao redor do mundo. 

Para tanto, o levantamento englobou o comportamento do mercado atualmente e durante surtos anteriores. 

Impacto em vários segmentos: assim como em setores de assistência médica, turismo e outros, o financiamento de startups também sentiu o abalo dos mercados financeiros em todo o mundo. 

Segundo a plataforma, o investimento por parte do mercado privado deve alcançar US$ 77 bilhões nestes primeiros 3 meses de 2020, o que representaria uma queda de 16% em relação ao quarto trimestre de 2019 e de mais de 11% comparada ao primeiro trimestre de 2019.

Caso isso se concretize, deve ser o segundo maior declínio trimestral na última década. E a previsão tende a ser ainda pior para o continente asiático, onde o investimento privado deve despencar 35% na comparação entre os primeiros trimestres de 2020 e 2019.

O esperado é que o volume global de negócios siga o mesmo caminho, com uma queda de 20% em todo o mundo e 40% em especial na Ásia.

Para reforçar sua visão, a CBInsights ainda lembra que os surtos de SARS (Sindrome Respiratória Aguda Grave) e zikavírus levaram a diminuições de dois dígitos no investimento privado. 

Como vislumbre de possíveis oportunidades, a plataforma afirma que empresas estão em busca de novas tecnologias que podem auxiliar em suas cadeias logísticas e no gerenciamento de suas operações. 

Cenário brasileiro adverso

Em balanço divulgado em 26 de março, o Ministério da Saúde informou que o Brasil já contabilizava quase 3,5 mil casos de Covid-19 no país e 92 mortes por causa da doença. A estimativa das autoridades sanitárias é de que esse número aumente e especialistas apontam que há subnotificações. 

Além disso, em entrevista ao jornal O Estado de S. Paulo no dia 27 de março, o secretário em Vigilância em Saúde do Ministério da Saúde, Wanderson Oliveira, chamou a atenção para o fato de que o Brasil enfrenta 3 epidemias atualmente, alertando para casos de dengue e influenza no país.

Ainda que a CBInsights não tenha abordado em especial o mercado brasileiro, as startups nacionais precisam estar atentas a efeitos potencializados na economia devido a essas outras duas epidemias, além de eventuais reveses políticos. 

Startups, por terem menos capital que grandes empresas, devem sentir um impacto maior. Por isso, serão testadas em suas capacidades de adaptação. No entanto, algumas podem ter menos dificuldades que outras, como aquelas em early stage que contam com maior facilidade de redefinir seus negócios.

Startups: foco em flexibilidade

O novo coronavírus tem trazido impacto a governos, empresas e população em geral em todo o mundo. Em meio a um cenário recessivo ou de baixo crescimento, a disponibilidade de recursos para financiamento de startups tende a escassez. 

E medidas mais conservadoras por parte de investidores podem se intensificar a depender de como a pandemia seguir seu rumo. Cabe às startups planejarem seus negócios e buscarem flexibilidade para que se adaptem a esse momento de crise.

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