Metodologias ágeis: entenda o que são e para que servem

Rogério Marques

28 dezembro 2018 - 13:00 | Atualizado em 29 março 2023 - 17:40

Pessoa escrevendo em caderno enquanto usa tablet

Antes desenvolver e implementar um projeto de software poderia levar até anos! Os processos eram longos, pautados pelas metodologias tradicionais, também chamadas de pesadas ou orientadas à documentação.

Mas, com a transformação digital, o mundo mudou e tudo precisa ficar pronto ‘para ontem’! Principalmente nos projetos de tecnologia. Foi com esse objetivo que nasceram as chamadas metodologias ágeis.  

Os métodos ágeis (do inglês Agile Software Development) englobam um conjunto de metodologias aplicadas para acelerar o ritmo dos processos de desenvolvimento de um software. Mas como utilizar estas metodologias pode ajudar uma empresa?

A importância de utilizar metodologias ágeis

Originado em meados dos anos 1990, o conceito de Agile não demorou a ser difundido entre os especialistas, o que resultou na criação de diferentes modelos que dão suporte à gestão de projetos.

Hoje, no entanto, a adoção de metodologias ágeis está em franco desenvolvimento. Elas se contrapõem ao conceito tradicional quando defendem o planejamento adaptativo, times auto-organizados e multidisciplinares, melhoria contínua e desenvolvimento evolucionário.

De acordo com o relatório anual da VersionOne, que avalia a utilização de metodologias ágeis em empresas de todo o mundo, 60% dos entrevistados possuem pelo menos metade de seus times utilizando-as e 98% realizaram projetos ágeis com sucesso.

Quais diferenciais a empresa que usar pode ter

Os principais resultados do Agile são aumento da qualidade, possibilidade de customização, previsão de cronograma e custos, mitigação de riscos, evolução do software conforme a demanda do cliente, entre outros benefícios.

Agilidade

Um dos maiores benefícios dos métodos ágeis é o tempo de entrega do produto na perspectiva do cliente. O ciclo extremamente reduzido, em comparação aos outros métodos, é um atrativo que faz toda a diferença.

Imaginemos, por exemplo, como uma empresa potencialmente interessada em adquirir soluções desenvolvidas “na medida”, atendendo a todas as suas necessidades, receberia a notícia de que a previsão de entrega é de 10 meses?

Ou seja, durante todo esse tempo, a empresa terá que se conformar em ficar estagnada, sendo atropelada pela concorrência, adquirindo produtos de software prontos para mitigar os efeitos negativos do atraso.

Colocando-se no lugar do cliente, qual seria a sua resposta? Valeria a pena aceitar que o processo é demorado, custa caro e é dificultoso em termos de implementação?

Esse panorama muda completamente quando o desenvolvedor utiliza métodos ágeis, pois o prazo de entrega é consideravelmente reduzido e, de quebra, se baseia em várias entregas, em vez de uma.

Múltiplas entregas

As múltiplas entregas que fazem parte do ciclo ágil permitem que o cliente tenha uma antevisão de como o software funcionará, antes de chegar à versão final.

Além disso, a equipe pode desenvolver uma versão do software a ser utilizada pelo cliente, antecipando o desenvolvimento das partes funcionais do programa. Com isso, assegura que ele veja um retorno de investimento (ROI, return on investment) quase imediato.

Por fim, as eventuais falhas que o software apresente podem ser detectadas pelo cliente e, assim, corrigidas com antecedência pelos desenvolvedores.

Participação no projeto

Além da entrega contínua de versões do software, as metodologias ágeis integram o cliente ao projeto. Assim, suas solicitações e feedbacks são prontamente assimilados pela equipe.

O diferencial dessa intensa participação do cliente está, acima de tudo, na transparência agregada ao ciclo do projeto. Portanto, sempre que uma nova fase se iniciar, ele terá uma expectativa bastante realista dos recursos que receberá.

Customização do produto

Por último, existe a possibilidade de customizar o produto, de acordo com as necessidades e preferências, porque as metodologias ágeis têm alta adaptabilidade.

Diferença dessas metodologias para as tradicionais

A indústria de desenvolvimento de software, desde seus primórdios, seguiu uma metodologia tradicional. Nesse modelo, o produto final era completamente planejado e documentado antes de sua execução e implementação. Não havia alterações ao longo desse processo e a entrega era feita quando todas as especificações tinham sido cumpridas.

Nesta metodologia temos as seguintes fases: levantamento e análise de requisitos, desenho da arquitetura, implementação, testes, produção e manutenção. Embora tecnicamente correta, essa metodologia é vista como desnecessariamente rígida. Com o processo tão formal, ela impede que os clientes tenham o desenvolvimento na velocidade que necessitam.

Além disso, muitas empresas utilizavam, e algumas ainda usam, a metodologia Waterfall (ou “cascata”), umas das mais tradicionais formas de se gerenciar projetos. Na abordagem surgida nos anos 1970, todas as etapas são seguidas de forma sequencial. Mas o modelo pode gerar muitos problemas de gestão, pois uma etapa só é iniciada quando a anterior for inteiramente concluída.

Quais são as metodologias ágeis mais usadas

Entre as metodologias ágeis existentes, as principais são: Agile, Scrum, Lean e Kanban

1. Agile

Apesar das metodologias ágeis existirem há muito tempo, foi somente em 2001 que um grupo formado por Kent Beck e mais dezesseis renomados desenvolvedores assinaram o Manifesto para o Desenvolvimento Ágil de Software e o grupo foi batizado de Aliança dos Ágeis.

O Manifesto Ágil prega uma metodologia que visa satisfazer os clientes entregando com rapidez e com maior frequência versões do software conforme as necessidades.

O manifesto da metodologia ágil é composto por 4 valores principais, listados abaixo:

  • Indivíduos e interações mais que processos e ferramentas;
  • Software funcional mais que documentação abrangente;
  • Colaboração do cliente mais que negociação de contratos;
  • Responder a mudanças mais que seguir um plano.

Ou seja, a partir de uma versão publicada, mesmo não absolutamente completa, pode-se evoluir o software de acordo com as necessidades do cliente e das demandas da sociedade. Do contrário, o produto final demoraria tanto para ficar pronto que poderia se tornar obsoleto.

A metodologia Agile, ou ágil em português, se consolidou nos últimos anos como uma alternativa para atender às demandas de clientes e projetos de forma dinâmica, flexível e com grande aumento de produtividade.

No desenvolvimento ágil é utilizada uma abordagem de planejamento iterativa. Enquanto no método tradicional, todas as etapas do projeto são documentadas detalhadamente, desde o início até o fim do projeto, esse processo no método ágil é realizado em etapas curtas, chamadas iterações.

A metodologia Agile traz 6 vantagens importantes:

  1. Reduz o prazo de desenvolvimento para meses ou semanas, diferentemente da tradicional, que pode ter um período longo e durar até anos;
  2. O software é construído e entregue em “pedaços” que correspondem a subconjuntos de funcionalidades completas;
  3. O projeto passa por modificações e aperfeiçoamentos ao longo do desenvolvimento;
  4. O trabalho é executado por uma equipe pequena e multidisciplinar, formada por poucos membros de alto nível técnico;
  5. O cliente colabora nas diferentes etapas; ​
  6. O feedback é constante.

2. Scrum

O Scrum é hoje o método ágil mais usado, principalmente porque pode ser integrado a outros métodos ágeis com facilidade. Além disso, ele se aplica não só ao desenvolvimento de software como a qualquer ambiente de trabalho.

Com foco na gestão do projeto, o Scrum tem como base o planejamento iterativo e incremental. Isso  significa que o projeto passa por tentativas sucessivas de refinamento (iteratividade) e é entregue em pedaços (incrementos) ou subconjuntos de funcionalidades. Esse planejamento se dá pelas reuniões conhecidas como Sprints.

Ele reitera, desde o início do projeto, a lista de funcionalidades a serem desenvolvidas — prática também chamada, no caso, de product backlog.

No andamento do processo, cada funcionalidade se torna um Sprint, cujos detalhes a serem criados e desenvolvidos passam do product backlog para o sprint backlog.

Do sprint backlog, as atividades são distribuídas entre os membros do Scrum Team, que devem desenvolvê-las em geral em quatro semanas.

Ao final de cada Sprint é realizada a sprint review meeting, uma reunião de alinhamento sobre o que foi entregue. A partir daí começa-se a planejar o próximo Sprint. Essas etapas acontecem sucessivamente até que o produto final esteja pronto para a entrega.

3. Lean

A agilidade promovida por essa metodologia está relacionada com o enxugamento de processos (Lean pode ser traduzido como “enxuto”). Já é um método bastante utilizado em startups e gestão de algumas empresas que estão começando. Isso porque, normalmente, o desperdício para elas são mais do que simplesmente prejudiciais. Podem significar até mesmo uma falência precoce da organização.

Assim, os pilares dessa metodologia, com o objetivo de enxugar a organização e eliminar excessos são:

  • redução de custos;
  • melhoria contínua;
  • aumento de produtividade;
  • compartilhamento de informação.

4. Kanban

Este método de origem japonesa (foi criado pela Toyota nos anos 1960) tem a finalidade de controlar fluxos de produção ou transporte em uma indústria. Utiliza cartões em um quadro branco para visualizar e controlar fluxos de produção ou transportes em uma indústria. Entre suas vantagens estão a redução do estoque, fácil visualização das etapas de cada processo e burocracia mínima.

Devido às individualidades de cada empresa, é difícil definir qual delas é a melhor. Cada uma atende determinados requisitos e não prioriza outros. Assim, vale a pena analisar junto à sua equipe quais são os pontos positivos e negativos de cada alternativa para a sua organização e escolha quais delas devem ser implementadas.

A metodologia Agile está cada vez mais presente no dia a dia das empresas e não temos dúvidas de que fará parte do futuro da gestão de projetos. É preciso que sua organização comece a se adaptar desde já para se manter na vanguarda dessa transformação. Mas para isso busque um parceiro estratégico e com expertise no assunto.

 

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